As várias surpresas sobre o Spotify e o Uruguai
Ontem foi um dia de surpresas.
Li que o governo do Uruguai promulgou uma medida que garante aos artistas uruguaios o direito de receber pela reprodução de suas músicas. Minha primeira surpresa, foi saber que isso não acontecia ainda. O Spotify, principal plataforma de streaming no país, faz um cálculo maluco que leva em consideração a popularidade do artista na região e repassa uma parte do que a plataforma lucra com propaganda e contas premium para os detentores dos direitos da música (que pode ou não ser o artista, mas na maioria das vezes é uma gravadora). Vi essa nova lei como algo positivo.
A segunda surpresa foi saber que o Spotify alega que encerrará suas atividades no país por não poder pagar mais do que os 70% que já é repassado para os detentores dos direitos autorais. Será que garantir um pagamento mais justo aos artistas uruguaio daria tanto prejuízo assim para o Spotify? Será que sua parcela de lucros depende tanto assim de um pequeno país sul-americano com menos de 4 milhões de habitantes?
A terceira surpresa bateu quando descobri que governo do Uruguai decidir voltar atrás e flexibilizar a lei para que o Spotify decida não partir do país. Sei que essa plataforma é a maior de todas e que deve ajudar na promoção de pequenos artistas, mas confesso que fiquei um pouco decepcionado pelo governo uruguaio propor a se curvar para uma empresa privada. De qualquer modo, ainda assim achei que a iniciativa teve uma ótima causa, então postei um toot sobre isso:
A última, embora a maior de todas as surpresas, foi descobrir que nem todo mundo no Mastodon viu a medida com bons olhos. Libertários capitalistas no Fediverso impulsionaram meu toot não como sinal de apoio, mas como indignação, interpretando-a como algo completamente odioso. É curioso como grupos de pessoas podem estar ombro a ombro em uma mesma ação mas por motivos diametralmente opostos.