Nébula Rasa

O Poder Dos Cursos Quânticos

Imagine o seguinte cenário: Sérgio cresceu na roça, filho de pai mecânico e sabe trabalhar com automóveis como ninguém. Roberto nunca ao menos fez calos nas mãos com trabalhos manuais, mas acabou de concluir um curso de mecânica em uma escola técnica. Qual será melhor visado em uma seleção de currículos para uma empresa?

Dada a inflação acadêmica acelerada que controlou o século XX, um título hoje em dia vale mais do que ouro. A implosão de candidatos no mercado de trabalho valoriza a pessoa que tiver mais condecorações em seu diploma. Devido a isso, crescemos acreditando que quanto mais cursos tivermos, melhor para nós. Não importa exatamente o conteúdo de um curso, mas o status que ele lhe confere.

Oferecer cursos sobre alguma pseudociência que você tenha acabado de inventar é excelente para arrebanhar crédulos fiéis e manter as contas de sua “escola” – e também do seu bolso – sempre no azul. Uma vez que você tenha conseguido passar o seu recado e você seja visto como um salvador ou guia espiritual, as mesmas pessoas que fizeram o curso cuidarão da propaganda boca-a-boca.

A melhor pseudociência, como já tratado anteriormente, é aquela que se auto-perpetua através de outras pseudociências previamente estabelecidas no imaginário da população. Um tema que gire em torno da mediunidade, por exemplo, tem boas chances de prosperar: se freqüentadores de centros espíritas têm mediunidade, por que você não poderia ter também? Automaticamente pegamos uma “carona” na credibilidade cega que os espíritas depositam nos médiuns, e a utilizamos em nosso favor para expor um tema que não precisa necessariamente de uma justificativa ou explicação para existir – como provar que um espírito não tenha me ordenado a ministrar esse curso a vocês?

No entanto, sua pseudociência deve, pelo menos, parecer funcionar. Esta é a parte mais fácil do trajeto, uma vez que o cérebro humano é suscetível a falhas e nossa herança evolutiva nos concedeu a incrível habilidade de aceitar, sem contestar, tudo aquilo que alivie nossas angústias – seja ela a saudade por um ente falecido ou um simples caso de baixa auto-estima. Mas para otimizar seus dividendos se aproveitando da ingenuidade alheia, será necessário ser criativo, audacioso, carismático e saber mentir muito bem. Deixe-se levar pela história que você mesmo criou, mas não acredite profundamente nela. Lembre-se de que traficantes de drogas geralmente não as consomem, pois precisam ter as idéias no lugar e a mente clara. O misticismo e falta de ceticismo funcionam como uma droga, pois reduzem as atividades do córtex pré-frontal e fazem você raciocinar menos e aceitar mais (chame isto de “fé”). Se você passar a acreditar na própria mentira que criou, eventualmente se achará um santo e doará todos os seus lucros para a caridade, ou deixará de cobrar pelos cursos que ministra – é um conhecimento tão necessário e bom à humanidade, por que eu seria egoísta de cobrar pela cura de todo o mal no planeta?

Acima desses itens há um checklist que você deve cumprir para criar uma pseudociência convincente e que seja difícil de desacreditar, uma vez mergulhada nela.

Criando um inimigo

Para conseguir a fidelidade de um grupo de pessoas, faça-as acreditar que existe um inimigo em comum, de preferência invisível e difícil de delinear. Utilize termos vagos e indiretos como “inimigo das trevas”, “forças ocultas”, “pessoas que só querem o mal”, entre outros elementos abstratos do inventário. Ao propagar este medo infundado, insira elementos-chave que inflamem o instinto de proteção nas pessoas, como “os espíritos das trevas tentarão acabar com sua família”, “existe um portal emanando energia telúrica negativa no quarto do seu filho” ou “alguém está fazendo macumba para tirar seu emprego”. Seus clientes querem se livrar do mal, não importa quem ou o que seja responsável por isso, tampouco querem saber como você possui essa informação. Lembre-se de que, em um sentido mais amplo, o mal não existe, pois é um termo de significado relativo; o que pode ser maldade para uns, pode não ser para outros – mas não importa, pois para seus seguidores, o mal é tudo que vai contra o bem-estar próprio ou de pessoas próximas.

Tomemos como exemplo você ter escolhido dizer que alguém armou um despacho ou amarrou o nome do seu cliente na boca de um sapo – os sapos são injustamente colocados como “coisas ruins” no imaginário popular. Caso a pessoa queira desesperadamente saber quem é tal pessoa que deseja tanto mal a ela, diga que é alguém de cabelo escuro. Espere alguns segundos até a pessoa refletir, e complete: “… exatamente esta pessoa em que você está pensando!”. Este exemplo é o mais utilizado entre os que alegam ser videntes. Aproximadamente 70% das pessoas no mundo têm cabelo escuro, portanto as chances são grandes do seu cliente conhecer alguém com esta característica. Não importa como você sabe de tudo isso. Lembre-se de que as pessoas inconscientemente odeiam não ter as respostas. Portanto, quando você fornece uma a elas, são seduzidas como peixes ao ver uma minhoca no anzol.

(Dica: Uma vez no ramo de guia espiritual, é necessário que você conheça quais as tendências estatísticas no Brasil. Se você disser a qualquer pessoa, por exemplo, de que existe na vida dela alguém com quem ela não se dá muito bem, de cabelo preto, pele não muito clara e não muito escura e de estatura mediana, haverá uma chance de acerto de quase 100%. Parece bobo, mas funciona.)

(Diga também que ela é uma pessoa relativamente próxima. Geralmente criamos inimizade com pessoas as quais conhecemos e nunca com um estranho (afinal, não haveria motivos… vocês nem se conhecem!). A pessoa ficará chocada sobre como você sabe daquilo e acreditará mesmo que você tem poderes paranormais.)

Convença através do medo

Seja alarmista e enfático: sem seus cursos, as pessoas estarão à mercê de espíritos malignos, forças do mal, oferendas em encruzilhadas ou doenças que a ciência comum não pode curar. Criar uma atmosfera de terror é uma estratégia amplamente utilizada por empresas de seguro de vida ou governos militaristas para conseguir a submissão da população.

Exemplo: O povo dos Estados Unidos deve se unir e se submeter ao governo, pois só George W. Bush é capaz de combater o terrorismo.

Se você não conhecer todas as escritas mágicas passadas a mim pelo espírito Andalauê, então você estará completamente vulnerável às forças das trevas.

Aproveite-se também da vulnerabilidade mental que vigora em todos os indivíduos não acostumados ao pensamento crítico e cético. O ser humano evoluiu com uma peculiaridade interessante da mente, que é a necessidade desesperada de obter uma resposta e permanecer na ignorância o menor tempo possível sobre determinado assunto. Diga a elas que todos os problemas em suas vidas são produto de oferendas malignas feitas por alguma pessoa invejosa, e rapidamente elas concluirão por si mesmas: “Puxa! Então era isso que estava causando tanta infelicidade na minha vida!”. Você deu a ela o benefício do conhecimento (ainda que falso), e ela lhe retribuirá prestando atenção ao que mais você tiver a dizer.

Aprendizado continuado

Nos anos recentes, os fabricantes de computadores descobriram que é lucrativo manufaturar produtos que durem pouco. Isto barateia o custo da produção, o preço final fica menor e, conseqüentemente, o produto se torna acessível a mais consumidores. No entanto, por durarem pouco, seus consumidores deverão constantemente comprar novas peças para repor as que apresentaram defeitos. Isto faz com que o capital circule indefinitivamente, com valor corrigido, e a empresa ganhe consumidores para toda a vida.

É justificável, portanto, que você faça o mesmo com sua pseudociência. Escreva livros constantemente em torno de sua área de atuação, não importa o que seja – pode ser simplesmente o que você escreveu no livro anterior, só que com outras palavras. Fãs de qualquer espécie geralmente cultivam uma fé quase religiosa em relação a seus ídolos. Logo, ninguém contestará que seus livros estão cada vez mais “enchendo lingüiça”.

Exemplos:

Tente transmitir a impressão de que é estritamente necessário se atualizar dentro de sua matéria. Prefira utilizar o termo “estudar”, para que o assunto pareça ter mais credibilidade e não parecer algo infantil. É muito importante que a pessoa se sinta útil ao aprender tudo o que você tem a dizer. Você pode não acreditar no impacto que as palavras “estudo” e “ciência” possuem até fazer você mesmo o teste. Diga a alguém que você é “um estudioso das ciências dos cristais” e note o quanto a pessoa comum irá se interessar. Diga então que “é tudo explicado pela Física Quântica”, e você provavelmente ganhará muitos fãs – mesmo você sabendo que a Física Quântica não passa de um tratado de ferramentas de matemática estatística aplicadas à Física.

Impressão de credibilidade

É sensato e bastante apropriado que você, eventualmente, solte comentários sobre como um político veio lhe procurar para que você o livrasse de alguma magia negativa; como médicos famosos os quais você não pode dizer o nome colocaram sua cabeça a prêmio por curar pessoas através de pêndulos. Não é necessário citar nomes, basta dar a impressão de que o assunto com o qual lida é coisa muito séria.

O número de obras que você publica em torno do assunto ajuda a parecer que você tem muito a dizer e que esta é uma ciência deveras complicada. A população tem a falsa impressão de que tudo que é complexo de se explicar provavelmente é real. Mas não exagere na dificuldade do assunto, ou pouca gente irá entender para poder apreciá-la – é assim com aulas de Matemática, será assim com seus cursos. Lembre-se de como alguns místicos falam baboseiras criativas sobre Física Quântica, sobre como ela “é complicada e difícil de entender”, mas em seguida viram a mesa e expõem uma teoria pessoal demasiadamente simples, e como isto fascina a mente do homem comum sem ao menos saber do que se trata especificamente.

O místico, então, pode inventar uma explicação ridiculamente banal e em pé de igualdade com o cidadão usual (que carece de educação científica básica apropriada), como “a Física Quântica apenas explica como conseguimos algo se desejarmos muito” – eis uma receita de sucesso para conseguir a atenção de muitos.

Exemplo: a magia sagrada

As pessoas acreditam em qualquer coisa que lhes seja agradável ou que confirme suas crenças, como já explicitado anteriormente. Isto se deve à falta de uma educação de qualidade no Brasil, ao não encorajamento dos pais para que os filhos desenvolvessem o pensamento crítico-científico e ao não encorajamento de investigações metódicas em quaisquer áreas da vida. Alie este fato ao incômodo agudo que o ser humano enfrenta em não ter uma resposta imediata para os mistérios com o qual se depara.

Pretendo ilustrar este capítulo com um exemplo baseado em fatos reais, para demonstrar quanto poder e riqueza você pode adquirir se abordar sua pseudociência de modo correto.

Suponhamos que você tenha surgido entre os meios místicos, via apresentação de amigos previamente famosos, como um médium proeminente e poderoso. Transpareça sempre uma imagem bondosa, carismática e quase divina de sua personalidade. Fale coisas que as pessoas queiram ouvir. É fácil! – basta confirmar suas expectativas: se acreditam em mediunidade, diga que a mediunidade existe e espíritos se comunicam com você; se acreditam em cristais, diga que eles já lhe curaram de um câncer no esôfago.

Identifique-se, então, como médium e afirme que espíritos antigos de Atlântida lhe ensinaram os segredos da antiga magia escrita atlante e lhe incumbiram de uma missão muito importante: formar – digamos, um número cabalístico – no mínimo 7.000 magos1 para salvar o mundo, e estes terão de espalhar o conhecimento a 100.000 outros magos. Quem não quer ser um importantíssimo mago que desempenhará um papel crucial no resgate do planeta? Certamente muita gente, principalmente aquelas que passaram recentemente por alguma crise conjugal ou decepções profissionais e, em ambos os casos, colocaram a auto-estima em baixa.

Sua magia escrita é baseada em algumas orações e em símbolos de diversas formas desenhados no chão com um giz branco. Chame-as de “geometria sagrada”, apesar de não haver nada de Geometria e serem apenas estrelas, corações e zigue-zagues – formas básicas desenhadas repetidamente.

(Dica: Alguém pode questionar se a magia funciona, mesmo que seja impossível duas pessoas desenharem símbolos perfeitamente idênticos. Diga que as entidades inteligentes, que interpretam seus símbolos e executam as ordens, captam suas intenções e por isso não se atém aos detalhezinhos mínimos do desenho.)

O curso é essencial para que se forme uma comunidade em torno de sua pseudociência. Se as pessoas conhecessem sua magia atlante individualmente, logo elas se convenceriam de que você é um farsante e o que você propõe não tem fundamento e mais parece fantasia de criança. Porém, o senso de comunhão entre os participantes reforçará a crença no que você diz, principalmente se eles vierem a fazer amizades entre si: “Isso não é demais?”, “É sim! É sim!”.

É um mecanismo inconsciente, mas lucrativamente eficaz. Note como cultos evangélicos encorajam que se rezem em grupos grandes. Alguns dirão que Deus atende melhor quando há muitas pessoas pedindo o mesmo, outros que há mais pessoas em sintonia com o Espírito Santo, portanto o canal de comunicação é mais eficaz. Você, portanto, deverá dizer que é essencial a união entre os magos para que se forme uma egrégora funcional e poderosa. O que todos os mestres espirituais desejam, na verdade, é o que deseja qualquer beneficiário supremo de esquemas em forma de pirâmide: grupos grandes, para que os clientes ajudem a confirmar a crença uns dos outros e para que doutrinem mais pessoas.

Você propôs que ensinaria a magia atlante, então os futuros magos já se sentem úteis e importantes por aprenderem tamanho segredo; faltam, agora, os resultados para reforçar todas as expectativas dos cursandos. Este é o fator crucial para que sua pseudociência torne-se palpável na mente crédula daquelas pessoas. Mas como tamanha mentira funcionaria? Simplesmente como toda e qualquer pseudociência: utilizando o desespero das pessoas a seu favor.

O processo é bastante simples. A maioria dos inscritos em seu curso seguramente está passando por uma situação ruim; seja financeira, conjugal ou profissional. Saiba que, apesar da população ser naturalmente muito ingênua, obviamente poucos desembolsariam o próprio dinheiro em um curso de magia se não estivessem com algum problema – e quem, hoje em dia, não tem problemas a resolver?

O fato de até cristãos fundamentalistas se inscreverem em um curso de magia certamente mostra o desespero dessas pessoas em tentar absolutamente de tudo para pôr a vida em ordem. Se elas foram capazes disso, então serão capazes de qualquer coisa para sanar suas aflições; talvez elas mudem a visão de mundo que antes estava atrapalhando suas vidas. Ou talvez as mulheres tenham tido coragem de largar os esposos que as espancavam. Algo irá mudar, e essas pessoas automaticamente atribuirão sua magia sagrada como único agente desta mudança.

Exemplo: Sandra estava à beira do abismo, com dívidas para pagar, com um marido que a mal tratava, sua família à beira de um colapso e sua saúde se deteriorando devido a anti-depressivos. Ela decidiu que era hora de lutar por mudanças, de impor sua vontade a seu marido, de se convencer de que não precisava mais daqueles remédios e de pôr as mãos na massa para pagar as dívidas e corrigir tudo que estava errado em sua vida. Decidiu, também, entrar em um curso de magia. Meses depois deste ímpeto de mudança, sua vida estava bem melhor e acreditou piamente que foi graças à magia sagrada, quando na verdade, precisava apenas ser menos bocó.

Tudo que você precisa fazer agora é usar a criatividade e estender seu curso o quanto julgar necessário. Divida-o em 20 modalidades, por exemplo: magia sagrada do fogo, magia sagrada do gelo, magia sagrada da água, magia sagrada das ervas, magia sagrada dos tapetes, e assim por diante.

(Dica: Para avançar uma modalidade, o cursando deve necessariamente passar pelas modalidades anteriores. Deixe claro que deve ser assim, pois há uma hierarquia mágica a ser seguida. Isso confere à magia sagrada certa seriedade e ainda garante que as pessoas não cursem apenas uma modalidade, mas várias. Vantagem: mais dinheiro no seu caixa.)

Você pode ministrar suas aulas em alguma instituição pseudocientífica que já gerencie cursos como radiestesia, astrologia, apometria e afins, e cobrar um preço módico de R$ 100,00 por pessoa. O preço pode variar, mas matenha-o sempre alto o suficiente para dar impressão de algo necessário e sério, e baixo o suficiente para que muitas pessoas se inscrevam.

Como material de estudo para cada modalidade, escreva um livro e diga que foi psicografado por você através de espíritos de Atlântida – não se esqueça de constantemente escrever novos livros baseados nos anteriores, mas com novas magias e orações, como se fosse uma atualização repassada pelos espíritos a você. Não importa que muita coisa seja repetida e exaustivamente explorada, contanto que você mantenha seus cursandos sempre comprando novo material.

(Dica: “O Mal nunca pára de se atualizar, então devemos também fazer o mesmo para combatê-lo”, advertirá você a seus alunos, quando indagarem por que comprar seu novo livro se ele é quase igual ao anterior.)

Seus livros custarão em média R$ 40,00 – por que não, eventualmente, escrever romances espíritas com a temática da magia sagrada? Tente abranger todas as áreas, de modo que não somente magos, mas também espíritas kardecistas, umbandistas ou simplesmente espiritualistas os comprem. Servirá, acima de tudo, como forma de propaganda para seus cursos.

Para complementar seus lucros, proponha que velas devam ser usadas para magias do fogo – muitas e muitas velas! – e imediatamente as confeccione e venda-as no próprio curso. Faça o mesmo com as outras modalidades: venda você mesmo ervas, cristais, tapetes e utensílios que os magos venham a precisar para executar magias.

Geralmente, os autores recebem 15% do valor na compra de um livro, sendo o restante destinado à editora e ao vendedor. Façamos agora as contas de quanto você pode lucrar através dessas atividades.

Item Custo
7.000 pessoas cursando 20 modalidades de magia R$ 14.000.000,00
7.000 pessoas pagando em média R$ 30,00 em acessórios R$ 210.000,00
100.000 pessoas comprando 4 livros de 20 modalidades R$ 48.000.000,00
100.000 pessoas comprando em média 3 romances R$ 600.000,00
Total R$ 62.810.000,00

Veja, portanto, que a chave para o sucesso é dizer o que as pessoas estão ansiosas por ouvir e fazê-las com que se sintam importante, como se fizessem parte de uma operação emergencial em larga escala para salvar o mundo. Você lucrará quase 70 milhões de reais, que é praticamente o prêmio da Mega Sena acumulada por alguns meses e paga a um único ganhador.

(Dica: É muito possível – inclusive, bastante provável – que alguém venha a calcular o que você lucra na ponta do lápis e suspeitar de seu plano milionário. Em vista disso, deixe bem claro, logo no começo do curso, que os espíritos já lhe contaram que você morrerá quando terminar de formar os 7.000 magos.)

Desta maneira, depois de encher o bolso, você pode mudar seu nome e/ou fugir para outro país para desfrutar do seu dinheiro, sendo considerado, acima de tudo, uma espécie de messias, mensageiro divino ou guru iluminadíssimo que cumpriu seus deveres na Terra e voltou para o plano superior. Apenas certifique-se de que seu “funeral” parecerá bastante convincente.

Lembre-se de que este lucro é apenas um mínimo atingível em relação à meta que você estabeleceu (de haver no mínimo 100.000 magos no mundo). Seus lucros poderão ser ainda maiores, pois nada impede que outros magos comprem seus livros de tratados sobre magia, nem de que apenas eles comprarão seus romances espíritas. Qual é a melhor vantagem de tudo isso? Você está enquadrado na categoria de atividade religiosa e, portanto, estará isento de impostos, graças à legislação brasileira tão complacente conosco. Uma vez que sua imagem de guia espiritual esteja sólida entre seus seguidores, basta agora usar a imaginação para conseguir deles o que você quiser.


  1. Estabelecer uma meta com tal número é muito importante, pois as pessoas o ajudarão em cumpri-la – por isso um número fixo pré-estabelecido. ↩︎

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