Nébula Rasa

A Existência dos Extraterrestres

(Estado epistêmico: de todas as possíveis hipóteses, acredito atualmente que a teoria da floresta negra seja a mais plausível.)

A humanidade sempre foi fascinada a respeito da existência de raças extraterrestres. Uns dizem que eles existem e já estão entre nós, outros afirmam que é apenas a projeção inconsciente do medo do desconhecido em um ícone moderno, assim como os homens na idade média acreditavam em dragões. Outros ainda têm certeza de que existem, têm tentáculos e gostam de molestar colegiais em revistinhas de hentai.

Enquanto eu pensava em como nozes caramelizadas são deliciosas e possuem um agradável sabor residual, surgiu o tema em questão: aliens existem ou não? Resolvi repassar por escrito todos os meus palpites e conclusões, de maneira a analisar, de uma forma lógica, alguns pontos interessantes sobre este assunto místico e sem respostas concretas.

Peculiaridades de uma hipotética sociedade alienígena

Suponhemos que, no momento em questão, uma raça se encontre mais ou menos equivalente à humanidade em termos tecnológicos e culturais. Em certa ocasião, é descoberta a tecnologia suprema, o tempero de miojo que faltava nos circuitos integrados, aquilo que poderia fazer com que as viagens espaciais fossem finalmente possíveis.

Cenário #1: Intolerância

Em posse de tamanha dádiva, a disputa entre nações pela tecnologia levaria o planeta a conflitos armados progressivamente mais perigosos. Talvez a própria tecnologia seria usada com fins bélicos. A intolerância desenfreada entre culturas culminaria na destruição total do planeta, após um tempo suficientemente longo, deixando os ufólogos terráqueos a ver um frisbie fluorescente como objeto mais parecido com um disco-voador.

Cenário #2: Tolerância Parcial

Há a possibilidade de haver uma espécie que cultive o respeito entre os povos da mesma raça, desde que as exigências étnicas sejam mínimas, encarando, talvez, com medo e preconceito raças diferentes demais. Este povo então domina a tecnologia de viagens interplanetárias e, como conseqüência de sua natureza intolerante, subjulgariam povos inferiores como nós.

Caso o fizessem, eles estariam munidos de armamento suficientemente potente para nos aniquilar. Ao contrário do que você vê em filmes hollywoodianos, ETs não viriam com um comboio de navezinhas, com o risco de serem abatidos todos pelo Will Smith e o Senhor Presidente dos Estados Unidos com caças F-14. Isto é eqüiparar nós mesmos a uma raça superior - algo impossível, uma vez que algo com inteligência n não pode prever o comportamento de algo de inteligência $ n + 1 $, pois esta sempre estaria um passo a frente.

É como uma pessoa que deseja acabar com um formigueiro e, para tal, sai mordendo formiga por formiga. O mais sensato seria jogar veneno ou explodir o formigueiro todo com uma banana de dinamite, hã. Logo, se alguma raça alienígena quiser nos exterminar, tenha certeza que já o teriam feito e nem teríamos notado.De qualquer maneira, é muito provável que esta raça não sobreviva até chegar aqui. Qualquer diferença entre um indivíduo e outro seria resolvida na briga de foice ou duelo de canhão anti-matéria, com direito a dois “continues” cada um. Devido à fragilidade do acordo de tolerância entre si, esta sociedade se auto-destruiria em posse de tamanha tecnologia.

Cenário #3: Tolerância Total

Com a união benígna das nações e mescla imparcial das culturas, cada ser vivente no planeta perderia o título de indivíduo para ocupar o posto de cidadão genérico. A partir deste momento, o esforço comum, em prol da raça como um todo e não da pessoa sozinha, levaria a comunidade planetária a viajar para outros corpos celestes.

Salvaguardando tais pressupostos, é útil agora ressaltarmos duas leis irrevogáveis do Universo. Para que você se lembre posteriormente de tais leis, chamemos tais considerações de Lei Chuck Norris e Lei Steven Seagal.

Lei Chuck Norris: uma raça inferior mental e socialmente, mesmo possuindo tecnologia suficiente, não visita civilizações interplanetárias.

Lei Steven Seagal: um ser de inteligência n não consegue prever o comportamento de um ser de inteligência n + 1, assim como este pode prever o comportamento daquele.

Por que não nos dão notícias?

Esta pergunta permanece sem respostas concretas, pois até agora não tivemos contato aberto, em larga escala, com civilização alguma e os motivos podem ser os seguintes:

Ausência Completa de Vida

Um motivo assaz auto-explicativo.

“Oh, então pode ser esse o motivo de não termos recebido sinal algum de ETs por telefone”, diz você. Sim, amiguinho. Talvez estejamos sozinhos no Universo, apesar de me parecer uma teoria muito cruel, fria e insensata.

Ausência de Tecnologia Apropriada

Talvez haja, sim, vida fora de nosso planeta, mas eles são tão avançados tecnologicamente quanto uma sociedade de crustáceos na disputa por fitoplancton, inviabilizando qualquer forma de contato que não seja por troca de fluidos dentro de água salgada.

Esquiva de Contato

Não sabemos ainda, mas talvez exista uma raça alienígena a milhares de anos-luz daqui com tecnologia disponível para nos visitar. Porém, faça uma avaliação imparcial de um humano mediano, considerando seus temores, crenças, ideologias e, acima de tudo, capacidade de transfigurar um esquilo que nasceu albino em “obra infecta de Satanás”. Se várias naves-mãe com tripés descessem até nosso planeta, por melhores que fossem suas intenções, tenha certeza de que 1/4 da população morreria de ataque cardíaco. Os 3/4 restantes se desintegrariam em forma de rebeliões religiosas e úlceras estomacais.

Conclusão

Caso eles já estejam fazendo contato conosco, portanto, não haveria como descobrirmos. Com intenções cooperativas ou não, saberiam que o paradoxo cultural criado pela aparição em público resultaria na morte da humanidade, levando o motivo deles estarem aqui, qualquer que seja, à falência. Seja por influência indireta ou por uma nave ou outra aparecendo ocasionalmente, o subterfúgio da incógnita evitaria um tumulto de escala mundial.

De acordo com a Lei Steven Seagal, previamente estabelecida no texto, não se pode ao certo determinar quais os métodos utilizados por um alienígena para nos contactar, tampouco quais seriam seus objetivos e metas. Podemos somente supôr que suas intenções seriam, para eles, de cunho benéfico e cooperativo, ao menos em seus respectivos pontos de vista, de acordo com a Lei Chuck Norris.

É improvável que, antes do tempo, venham até nós e deixem ao alcance de todos a tecnologia peculiar de que dispoem, pois saberiam que poderíamos nos destruir com tamanho poderio. Creio que, caso os ETs existam, eles não subestimam a capacidade inata do ser humano de transformar combustível de motor de dobra espacial em aditivo para pedras de crack.

Caso quisessem nos ajudar em absoluta segurança, é provavel que queiram primeiro nos elevar psicologica e socialmente, transformando-nos em uma civilização tolerante como eles e com pré-disposição necessária para encarar novas verdades acerca de nossa existência.

Se eles quisessem, portanto, nos retirar da quarentena espacial em que vivemos, deveriam utilizar todas as vias possíveis para se manterem invisíveis à nossa mente. Seja uma ajuda por indução telepática sugestiva ou hipnose, a partir do momento em que descobríssemos estarmos sendo manipulados, a humanidade se revoltaria à extrema insurgência. Caso estes alienígenas se deixassem aos olhos vistos, sem projetar o impacto e as conseqüências deste em nossas vidas, ainda não poderíamos concluir suas reais intenções, afinal, não temos capacidade cognitiva de prever o movimento de uma inteligência superior.

Mesmo que esta manipulação seja bem quista para nossa provável evolução, é quase previsível a reação bélica das massas, devido ao leviano complexo de inferioridade do homem. É um fato observável que a humanidade deseja a soberania absoluta, sem alguém degrau acima para obstruir sua luz rasa e egoísta. É fácil notar que qualquer conflito se dá por alguém querer ser mais que outro.

Seja pelo país que deseja maior notoriedade no cenário político mundial, seja pelo marido que não quer uma esposa com maior liberdade que ele, são esses os fatores pelos quais uma civilização alienígena, caso exista, não participou abertamente de nossas vidas. Enquanto este conflito interno não se extingüir, conheceremos em nós mesmos uma raça alienígena diferente à do homo sapiens, o homem sábio: esta raça é o homo ludens, o homem que compete.

No entanto, de acordo com a Lei Steven Seagal, é difícil calcularmos o propósito de um ser que se encontra em um patamar de inteligência superior. Há uma outra possibilidade ainda, que é o desastre proposital. Uma raça alienígena pode nos atacar em pequena escala, prevendo que os venceríamos facilmente, apenas para que conseguíssemos a união entre os povos diante de um inimigo em comum. Ou talvez fizessem com que causássemos o cataclisma final do planeta para posteriormente ganharmos mais rapidamente o senso de unidade e o que a ausência dela causou até hoje.