Nébula Rasa

Aprender a Amar

Título:
Being in Love
Autor:
Bhagwan Rajneesh
Ano:
January 15, 2008
ISBN:
9780307337900
Idioma:
eng
Nota:
1/5

Ao ler esse livro, tive a impressão de que o Osho acabou descobrindo Freud e se encantou. Cogitou que a psicanálise seria o pano de fundo científico perfeito para suas teorias sobre o amor. No entanto, a psicanálise de Freud tem pouca ou nenhum fundamento científico — diferente da psicologia moderna, embora muitos artigos dessa área tenham falhas metodológicas graves. Porém, neste livro não há nenhum vestígio de psicologia moderna. O guru aparentemente não acompanhou a evolução das ciências cognitivas, por isso a sua teoria sobre os ciclos de vida e a nossa relação inicial com os pais está repleta de hipóteses arcaicas e misticismo.

No entanto, quero focar primeiro no que o livro promove de bom. Apesar do charlatanismo introdutório, Osho dá algumas recomendações acidentalmente sábias, tais como:

E isso é tudo. O restante do livro promove uma enchurrada de sugestões amorosas especialmente prejudiciais para qualquer pessoa que queira estar de boa com seu “conge”. Por exemplo, Osho sugere que relacionamentos duradouros são tão nutritivos quanto comida caseira, mas eventualmente você vai ficar cansado disso e vai querer experimentar um restaurante japonês ou chinês, ou simplesmente sair para comer uma pizza uma noite — e que é sua responsabilidade não só de avisar o seu parceiro sobre esses desejos, mas também de satisfazê-los sempre que surgirem, bem como de estimular o seu parceiro a comer fora de vez em quando. Segundo Osho, essa é a marca de uma alma elevada. Ora, fantasiar internamente em comer fora é natural. Instintivo até. Mas tenho certeza que a grande maioria das pessoas não gostariam de ouvir seus parceiros dizerem isso em voz alta. Você não precisa por pra fora absolutamente tudo o que passa pela sua cabeça, não sem ferir os sentimentos de alguém.

Ao mesmo tempo em que defende unilateralmente relacionamentos abertos e que uma sociedade esclarecida só pode existir se todos os seus membros aderirem a esse estilo de vida, Osho também ignora a enorme diversidade individual. Algumas pessoas foram feitas para relacionamentos abertos, mas outras não. Nem todo mundo funciona assim como ele. Afirmar que um caminho é universalmente superior a outro é simplesmente estúpido, mesmo para um guru.

Enfim, se você procurou esse livro porque está passando por uma crise no relacionamento, ou simplemente ficou curioso em como você poderia ser um melhor parceiro ou parceira, desista. Esse é um material digno de livro de terror para todo terapeuta de casal.