Apesar de eu discordar de muitas das opiniões vindas da Mídia Independente, uma frase hei de ratificar: “O agronegócio criou verdadeiros infernos que são suas granjas e chiqueiros gigantescos, para produção intensiva de aves e porcos em escala industrial, verdadeiros paraísos para os vírus, que acabam trocando material genético numa velocidade incrível”.

Não é preciso se chamar Richard Dawkins – nem ter bolas de aço como ele – para saber qual é o resultado de milhares (milhões) de indivíduos confinados em espaços fechados, todos trocando micróbios entre si. Assim aconteceu com a febre espanhola, com a gripe aviária e, finalmente, com a gripe suína. Com centenas de porcos amontoados no mesmo ambiente, os vírus dispõem de um número maior de possíveis permutações genéticas, sendo que uma ou outra acaba dando origem a um vírus mais resistente, que se prolifera mais rápido, ou – pior ainda – capaz de contaminar outras espécies, além dos porcos. Seleção natural, baby, seleção natural.

Mas não só o acaso genético tem culpa, seu fanfarrão reacionário (aliás, o que é isso?). Todos nós também somos culpados. Quando digo “nós”, refiro-me a você, a mim e a todos os cidadãos que, em algum dia de nossas vidas, compramos uma lingüiça e pouco ligamos como essa linguiça foi feita. O ato da compra é uma forma de conscentir com a existência daquele produto e com os métodos de sua produção. Então, fica aí meu lamento, inclusive por ter se tornado vegetariano só depois de duas décadas.

Post scriptum – começou a circular por aí (nessa semana) um e-mail dizendo que um tal de vidente fez uma tal de previsão que em 2009 uma tal de gripe iria destruir o mundo, e que a única cura é chá de malva com cristais cósmicos quânticos da nova era energizada com damasco – muito importante: os cristais devem ter recebido raios lunares por pelo menos uma noite. O elixir confere direito a 1UP e mais 3 continues contra o vírus da gripe suína. Eu, no entanto, conheço uma simpatia que talvez seja mais eficaz: vitamina C efervecente ou um Resfenol com copo d’água.